Luiz Carlos Nogueira
Aurelio Augustinus (Agostinho de Hipona, Bispo de Hipona) o Santo Agostinho, assim considerado pelas Igrejas Católica Romana e Anglicana, e também um importante teólogo e doutor dessas Igrejas, em um de seus livros mais conhecidos — Confessiones (Confissões - Editora Martin Claret, São Paulo-SP, 2002, p.268) quando indagado — “Que é, pois, o tempo?” Disse: “Se ninguém me pergunta, eu sei; mas se quiser explicar a quem indaga, já não sei."
“Contudo”, dizia ele: “afirmo com certeza e sei que, se nada passasse, não haveria tempo passado; que se não houvesse os acontecimentos, não haveria tempo futuro; e que se nada existisse agora, não haveria tempo presente. Como então podem existir esses dois tempos, o passado e o futuro, se o passado já não existe e se o futuro ainda não chegou? Quanto ao presente, se continuasse sempre presente e não passasse ao pretérito, não seria tempo, mas eternidade. Portanto, se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como podemos afirmar que existe, se sua razão de ser é aquela pela qual deixará de existir? Por isso, o que nos permite afirmar que o tempo existe é a sua tendência para não existir.”
“No entanto, dizemos que o tempo é longo ou breve, o que só podemos dizer do passado e do futuro. Chamamos longo, digamos, os cem anos passados, e longo também os cem anos posteriores ao presente; um passado curto para nós, seriam os dez dias anteriores a hoje, e breve futuro, os dez dias seguintes. Mas como pode ser longo ou curto o que não existe? O passado não existe mais e o futuro não existe ainda. Por isso não deveríamos dizer “o passado é longo” – mas o passado ‘foi longo’ – e o futuro ‘será longo’.”.
Tal raciocínio é percuciente, e em certo momento parece sugerir que só o que existe é o presente — o agora. Mas ocorre que por outro lado, como não pensar que o tempo como sucessão existe para a consciência humana? Esta noção do tempo como sucessão, ou seja, o tempo que é marcado pelo relógio e pelo calendário, representa nesse caso, uma sequência de agoras — representados pelos anos, meses, dias, horas, minutos e segundos observados antes ou depois do outro. Ilusão ou não, a verdade é que a dadivosa natureza (ou Deus, se assim preferirem) nos possibilita ou nos presenteia com o esquecimento dos acontecimentos passados que nos incomodam ou nos faz sofrer. Ainda que não haja o esquecimento, pelo menos, esse tempo que dizem inexistente porque agora já é passado (segundo o pensamento de alguns filósofos), na maioria das vezes, ajuda-nos arrefecer ou amenizar as dores da alma, que são mais agudas quando estão muito próximas desses acontecimentos, segundo a interpretação (ilusória?) da nossa consciência.
Esses mecanismos de esquecimento e de arrefecimento devido ao distanciamento do passado (passado este que também dizem não existir), são como reposteiros do tempo, que se abrem e se fecham na medida em que caminhamos na vida. Não conseguimos fazer do tempo, como num livro, no qual podemos folhear avançando nas páginas ou voltando às anteriores. Pelos menos por enquanto, a ciência não nos possibilita viajar fisicamente no tempo (para o passado ou para o futuro). Todavia não entro no mérito das práticas de regressão de memória, ou essas que dizem ser-nos possível avançar no futuro.
Como seria possível compreender o tempo considerando e filosofando somente sobre o próprio tempo — sem levar em conta o espaço que já percorremos do passado até hoje? Ou seria o tempo um período requerido por nossa consciência para estar cônscia das coisas materiais do mundo em que vivemos? A nossa consciência física interpreta períodos de duração ou intervalos em que realizamos determinadas atividades, de forma que signifiquem um tempo consumido, como se fosse algo material?
Stephen William Hawking, em sua obra Uma Breve História do Tempo, Círculo do Livro S.A, São Paulo-Sp, 1998, diz que: "[...] O tempo é independente e completamente separado do espaço. Isso é o que a maioria das pessoas acredita; é o consenso. Entretanto, tivemos que mudar nossas idéias sobre espaço e tempo.[...]” (p.30). “[...] Espaço e tempo são atualmente considerados quantidades dinâmicas: quando um corpo se move, ou uma força atua, afeta a curva do espaço e do tempo — e, por sua vez, a estrutura do espaço-tempo afeta a forma como os corpos se movem e as forças atuam. Espaço e tempo não apenas afetam mas também são afetados por qualquer coisa que aconteça no universo. Assim como não se pode falar de eventos no universo sem as noções de espaço e tempo, ..[...]” (p.45).
Este artigo constitui apenas um exercício para estimular a capacidade de pensar. Não pretendo com ele elaborar teorias, e tampouco gerar contendas intermináveis.
Aurelio Augustinus (Agostinho de Hipona, Bispo de Hipona) o Santo Agostinho, assim considerado pelas Igrejas Católica Romana e Anglicana, e também um importante teólogo e doutor dessas Igrejas, em um de seus livros mais conhecidos — Confessiones (Confissões - Editora Martin Claret, São Paulo-SP, 2002, p.268) quando indagado — “Que é, pois, o tempo?” Disse: “Se ninguém me pergunta, eu sei; mas se quiser explicar a quem indaga, já não sei."
“Contudo”, dizia ele: “afirmo com certeza e sei que, se nada passasse, não haveria tempo passado; que se não houvesse os acontecimentos, não haveria tempo futuro; e que se nada existisse agora, não haveria tempo presente. Como então podem existir esses dois tempos, o passado e o futuro, se o passado já não existe e se o futuro ainda não chegou? Quanto ao presente, se continuasse sempre presente e não passasse ao pretérito, não seria tempo, mas eternidade. Portanto, se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como podemos afirmar que existe, se sua razão de ser é aquela pela qual deixará de existir? Por isso, o que nos permite afirmar que o tempo existe é a sua tendência para não existir.”
“No entanto, dizemos que o tempo é longo ou breve, o que só podemos dizer do passado e do futuro. Chamamos longo, digamos, os cem anos passados, e longo também os cem anos posteriores ao presente; um passado curto para nós, seriam os dez dias anteriores a hoje, e breve futuro, os dez dias seguintes. Mas como pode ser longo ou curto o que não existe? O passado não existe mais e o futuro não existe ainda. Por isso não deveríamos dizer “o passado é longo” – mas o passado ‘foi longo’ – e o futuro ‘será longo’.”.
Tal raciocínio é percuciente, e em certo momento parece sugerir que só o que existe é o presente — o agora. Mas ocorre que por outro lado, como não pensar que o tempo como sucessão existe para a consciência humana? Esta noção do tempo como sucessão, ou seja, o tempo que é marcado pelo relógio e pelo calendário, representa nesse caso, uma sequência de agoras — representados pelos anos, meses, dias, horas, minutos e segundos observados antes ou depois do outro. Ilusão ou não, a verdade é que a dadivosa natureza (ou Deus, se assim preferirem) nos possibilita ou nos presenteia com o esquecimento dos acontecimentos passados que nos incomodam ou nos faz sofrer. Ainda que não haja o esquecimento, pelo menos, esse tempo que dizem inexistente porque agora já é passado (segundo o pensamento de alguns filósofos), na maioria das vezes, ajuda-nos arrefecer ou amenizar as dores da alma, que são mais agudas quando estão muito próximas desses acontecimentos, segundo a interpretação (ilusória?) da nossa consciência.
Esses mecanismos de esquecimento e de arrefecimento devido ao distanciamento do passado (passado este que também dizem não existir), são como reposteiros do tempo, que se abrem e se fecham na medida em que caminhamos na vida. Não conseguimos fazer do tempo, como num livro, no qual podemos folhear avançando nas páginas ou voltando às anteriores. Pelos menos por enquanto, a ciência não nos possibilita viajar fisicamente no tempo (para o passado ou para o futuro). Todavia não entro no mérito das práticas de regressão de memória, ou essas que dizem ser-nos possível avançar no futuro.
Como seria possível compreender o tempo considerando e filosofando somente sobre o próprio tempo — sem levar em conta o espaço que já percorremos do passado até hoje? Ou seria o tempo um período requerido por nossa consciência para estar cônscia das coisas materiais do mundo em que vivemos? A nossa consciência física interpreta períodos de duração ou intervalos em que realizamos determinadas atividades, de forma que signifiquem um tempo consumido, como se fosse algo material?
Stephen William Hawking, em sua obra Uma Breve História do Tempo, Círculo do Livro S.A, São Paulo-Sp, 1998, diz que: "[...] O tempo é independente e completamente separado do espaço. Isso é o que a maioria das pessoas acredita; é o consenso. Entretanto, tivemos que mudar nossas idéias sobre espaço e tempo.[...]” (p.30). “[...] Espaço e tempo são atualmente considerados quantidades dinâmicas: quando um corpo se move, ou uma força atua, afeta a curva do espaço e do tempo — e, por sua vez, a estrutura do espaço-tempo afeta a forma como os corpos se movem e as forças atuam. Espaço e tempo não apenas afetam mas também são afetados por qualquer coisa que aconteça no universo. Assim como não se pode falar de eventos no universo sem as noções de espaço e tempo, ..[...]” (p.45).
Este artigo constitui apenas um exercício para estimular a capacidade de pensar. Não pretendo com ele elaborar teorias, e tampouco gerar contendas intermináveis.
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