Luiz Carlos Nogueira
O povo assiste perplexo e anestesiado, a deformação da “democracia” brasileira que se confunde com a permissividade e abusos cometidos pela maioria dos detentores de cargos eletivos e ocupantes de cargos públicos.
A moral, a ética e a honestidade no comando dos interesses e da res publica, têm estado ausentes, porque se anulam pela psicopatia contagiante daqueles que buscam as vantagens e o enriquecimento a qualquer custo. Digo que é psicopatia porque toda ação tendente a obtenção de vantagens ilícitas, só podem ser desencadeada pela personalidade egóica desses elementos das várias facções políticas, que constituem um poder invisível que age como células cancerosas na sociedade, que crescem e se multiplicam descontroladamente, produzindo metástases, como um meio de atingir sempre mais e mais os órgãos internos, como se o corpo atacado fosse infinito ou eterno. Tais células cancerosas de tanto se alimentarem do corpo no qual se instalaram, acabam matando-o e morrendo com ele.
Carl Schmitt, in “Verfassungslehre”, Duncker&Humbolt, München-Leipzig, 1928, nos remete ao pensamento de que o poder invisível não nos representa, mas sim representa interesses outros, eis o que ele disse:
“(...)Um parlamento tem um caráter representativo apenas enquanto se acredita que sua atividade própria seja pública. Sessões secretas, acordos e decisões secretas de qualquer comitê podem ser muito significativos e importantes, mas não podem jamais ter um caráter representativo.” (p.208)
“Representar significa tornar visível e tornar presente um ser invisível mediante um ser publicamente presente. A dialética do conceito repousa no fato de que o invisível é pressuposto do ausente e ao mesmo tempo tornado presente.” (p.209)
Por conseguinte, do esgoísmo deflui o poder invisível dessas oligarquias, tais como células cancerosas, que no comando da nação, estão em verdadeiro contraste com os ideais democráticos genuínos. Falta-lhes o ideal de contribuir para um maior desenvolvimento do País e a consequênte felicidade do seu povo. O que assistimos são cooptações entre Partidos (atualmente para mim, Partido sugere a idéia de algo quebrado, impróprio para o fim a que se destina) Políticos de vocações ou ideologias (se é que podemos acreditar que existem) supostamente diferentes, que buscam nessa simbiose a permanência no poder para satisfazer o desejo de ter sempre mais, sem que em tal processo ocorra rejeição porque na verdade são iguais, pois foram constituídos com o mesmo DNA — do egoísmo.
O que povo assiste são promessas não cumpridas, a falta de apoio ao sistema educacional voltado para a cidadania, porque a instrução levaria as pessoas a escolher seus representantes com mais discernimento. Convivemos com o calote e as mentiras dos políticos e dos governos. Há nos impostos um efeito de elevado confisco da renda auferida pela nossa força produtiva, que não está resolvendo as questões voltadas para a educação e saúde, porque há evasão das receitas. Não conseguimos evitar os mensalões destinados às campanhas políticas, e todas as artimanhas para subtrair o dinheiro público, como por exemplo: a farra das passagens aéreas; os cartões corporativos; a máfia das ambulâncias; funcionários (os chamados aspones) dos altos escalões dos governos fazendo cursos no exterior por conta do erário; nepotismos; ocupações de imóveis públicos sem pagamento de aluguéis; nomeações secretas e tantas outras ações perversas que se torna impraticável ficar enumerando-as aqui.
Lembro-me de quando eu era jovem (acho que foi pelos anos 50), que havia um apelo nas Emissoras de Rádio, que se iniciou dizendo por muito tempo a frase: PIOR O DO QUE A LEPRA!!! Depois que os ouvintes já haviam despertado a curiosidade de saber o que era pior, começou-se a completar a frase: CORRUPÇÃO!!!
Realmente a corrupção contamina, apodrece e corrói todo um sistema de governo, qualquer que seja ele. Atualmente a corrupção do Brasil atinge níveis insuportáveis, que fazem inveja aos imperadores, senadores e cônsules da Roma Antiga, acostumados na sacanagem, orgias, e traições.
Até parece que a história se repete em nossos dias. Por exemplo, para quem ainda não sabe, o Imperador Romano Calígula, tinha um cavalo com o nome de Incitatus, que era o seu preferido, e que segundo o escritor Gaius Suetonius Tranquillus (Caio Suetónio Tranquilo) que fez a biografia de Calígula, Incitatus tinha cerca de dezoito criados pessoais, era enfeitado com um colar de pedras preciosas e dormia no meio de mantas de cor púrpura (a cor púrpura era destinada somente aos trajes imperiais, ou seja, era um monopólio real). Foi-lhe também dedicada uma estátua em tamanho real de mármore com um pedestal em marfim. Conta a história que Calígula incluiu o nome de Incitatus no rol dos senadores e ponderou a hipótese de fazer dele cônsul. (Wikpédia, Enciclopédia Livre)
A diferença é que em Roma o sistema de governo não era democrático. Agora no Brasil o que um cavalo poderia entender por democracia? Outras ilações ficam por conta do leitor.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
O PODER INVISÍVEL NO COMANDO DO PAÍS AMEAÇA A DEMOCRACIA E A ORDEM PÚBLICA.
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